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O Arrebatamento
O Arrebatamento

 

 

Arrebatamento Secreto: Fato ou Ficção?

 

Samuele Bacchiocchi

 

Muitos sinceros cristãos crêem que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá em duas fases distintas. A primeira fase é conhecida como “o arrebatamento secreto” da Igreja e pode ocorrer a qualquer momento. Nessa ocasião, Cristo desce apenas para as proximidades da Terra para ressuscitar os santos adormecidos e para transformar e glorificar os crentes vivos. Ambos os grupos são então arrebatados, ou seja, levados secreta, súbita e invisivelmente, para encontrar no ar o Messias que desce. Esse corpo de crentes, chamado de “Igreja”, então subirá para o céu para celebrar com Cristo por sete anos as bodas do Cordeiro, enquanto os judeus e os "gentios" não-convertidos permanecerão sobre a Terra para sofrerem os sete anos finais de tribulação.

Ao final desse período de sete anos, a segunda fase da Vinda de Cristo, geralmente o Retorno ou Revelação, terá lugar. Cristo então vem em glória com os santos até a Terra para destruir Seus inimigos na Batalha do Armagedom, e para estabelecer o Seu trono em Jerusalém e iniciar seu reino milenial terrestre.

Quanto tempo se espera que levará para o desaparecimento maciço dos verdadeiros cristãos de todas as nações? Muitos acreditam que esse evento está iminente porque sua principal pré-condição, ou seja, o reestabelecimento do Estado de Israel e a posse da antiga Jerusalém, já tiveram lugar. Essa crença é expressa em adesivos de automóveis como o que declara: “Se o motorista desaparecer, agarre o volante”, ou “Em caso de arrebatamento este carro ficará desgovernado”.

Segundo os cálculos iniciais de Hal Lindsey, esse arrebatamento secreto da Igreja já passou do prazo.1 Em 1970 ele predisse que “em quarenta anos desde 1948 [ano da formação do Estado de Israel], ou por volta disso, todas essas coisas poderiam ter lugar. Lindsey calcula os “quarenta anos” da duração bíblica de uma geração e alega, com base na parábola da Figueira (Mat. 24:32-33) que a formação do Estado de Israel em 1948 assinala o início da última “geração” (Mat. 24:34) que verá primeiramente o arrebatamento, daí os sete anos de tribulação, e finalmente o Retorno de Cristo em glória. Sendo que o arrebatamento, de acordo com Lindsey e a maioria dos dispensacionalistas, que ocorre sete anos (usando Dan. 9:27) antes do Retorno visível de Cristo em glória, já deveria ter ocorrido em 1981 ou 1982. O que isso significa é que o tempo já se esgotou para essas predições sensacionais, porém sem sentido.

A Ascensão, Expansão e Declínio do Pré-Tribulacionismo

Origem do Pré-Tribulacionismo.

A crença de que a Igreja será arrebatada súbita e secretamente antes da grande e final tribulação é conhecida como pré-tribulacionismo. Sua origem é em geral identificada por volta dos anos da década iniciada em 1830. John N. Darby, um pregador anglicano que se tornou fundador dos Irmãos de Plymouth, é considerado o expositor e promotor mais influente do arrebatamento pré-tribulacionista. Mediante suas seis visitas à América e extensa campanha de literatura do pré-tribulacionismo dos Irmãos de Plymouth, as idéias pré-tribulacionistas espalharam-se rapidamente.

O período de expansão máxima e predomínio do pré-tribulacionismo foi a primeira metade do século vinte. Homens como Arno C. Gaebelein, C. I. Scofield, James M. Gray do Instituto Bíblico Moody, Reuben A. Torrey, do Instituto Bíblico de Los Angeles, Harry A. Ironside, da Igreja Memorial Moody, e Lewis Sperry Chafer da Faculdade Teológica Evangélica (atual Seminário Teológico de Dallas) desempenharam um importante papel na popularização do arrebatamento pré-tribulacionista.O fator único mais importante foi a ampla circulação da Bíblia de Scofield, publicada em 1909 e revisada em 1917, que inculcava esse ensino entre as massas como o único ponto de vista bíblico correto.

Ressurgimento do Pós-Tribulacionismo Bíblico.

Desde 1950 mais e mais eruditos evangélicos vêm abandonando o pré-tribulacionismo e retornando ao pós-tribulacionismo histórico que sustenta que a Igreja passará pela grande tribulação, ao final da qual Cristo virá para ressuscitar os santos adormecidos e salvar os crentes vivos.

Crédito para o ressurgimento do pós-tribulacionismo deve ser dado primeiro de tudo à influência de George E. Ladd, Professor de Novo Testamento do Seminário Teológico Fuller. Alguns de seus importantes livros sobre este assunto são Crucial Questions About the Kingdom of God [Questões Cruciais Sobre o Reino do ETERNO] (1952), The Blessed Hope [A Bem-aventurada Esperança] (1956) e The Last Things [As Últimas Coisas] (1978).  Sua respeitada erudição associada a sua dedicação aos princípios evangélicos têm levado muitos eruditos evangélicos a repensarem suas posições pré-tribulacionistas.

A influência de Ladd pode ser vista nos seguintes significativos estudos produzidos por eruditos que acataram o pós-tribulacionismo e têm escrito em sua defesa: The Greatness of the Kingdom [A Grandeza do Reino] (1959), de Alva J. McClain, presidente do Seminário Teológico da Graça, em Winona Lake, Indiana; The Imminent Appearing of Christ [O Iminente Aparecimento de Cristo] (1962), de J. Barton Payne, Professor de Velho Testamento na Faculdade Evangélica  Trinity; e The Church and the Tribulation [A Igreja da Tribulação] (1973), de Robert H. Gundry, Professor de Estudos Religiosos na Faculdade Westmont, California.4

Tais estudos têm influenciado numerosos eruditos dentro de instituições tradicionalmente pré-tribulacionistas a retornarem ao pós-tribulacionismo histórico. A Igreja Evangélica Livre da América, por exemplo, que no passado era defensora do arrebatamento pré-tribulacionista, permitiu que professores da Escola Evangélica de Divindade Trinity desafiassem o pré-tribulacionismo em sua conferência ministerial anual em janeiro de 1981. Os desafios e respostas, publicadas em 1984 como um simpósio intitulado “O Arrebatamento: Pré- Mid- ou Pós-Tribulacionistas” oferece um debate bastante erudito sobre as questões relativas ao Arrebatamento.

Um Pressuposto Equivocado

Mesmo uma leitura superficial da literatura pré-tribulacionista é suficiente para deixar uma pessoa ciente do fato de que a crença no arrebatamento secreto repousa muito mais sobre pressuposições subjetivas do que no ensinamento bíblico. O pressuposto principal é o de que o ETERNO tem um plano diferente para a Igreja em relação com Israel. Conseqüentemente, presume-se que a Igreja deve ser removida da Terra antes que o ETERNO possa tratar com os judeus levando-os à conversão em larga escala mediante a experiência da grande tribulação.

John F. Walvoord, destacado campeão do arrebatamento secreto, reconhece explicitamente a importância desse pressuposto ao escrever: “A questão do arrebatamento é determinado mais por eclesiologia do que por escatologia”. Em outras palavras, mais pelo entendimento que se tem sobre a relação entre a Igreja e Israel do que por ensinos bíblicos concernentes ao fim.C. C. Ryrie, outro pré-tribulacionista destacado, expressa a mesma convicção, declarando: “A distinção entre Israel e a Igreja leva à crença de que a Igreja será tomada da Terra antes do início da tribulação (o que, num sentido mais amplo, diz respeito a Israel)”.6

Hal Lindsey vai ao ponto de tornar a distinção entre Israel e a Igreja sua “principal razão” para crer que “o Arrebatamento ocorre antes da Tribulação”.7 Ele argumenta que “se o Arrebatamento tivesse lugar ao mesmo tempo da segunda vinda, não haveria mortais deixados que fossem crentes; portanto, não haveria ninguém para ir para o reino e repovoar a Terra”.8  Ou seja, uma vez que Lindsey presume que o Reino messiânico predito pelos profetas do Velho Testamento será estabelecido por Cristo por ocasião de Seu Segundo Advento como um reino terrestre que consiste predominantemente de judeus mortais e crentes, então a necessidade do arrebatamento da Igreja deve ocorrer antes. Como pode Cristo vir estabelecer um Reino milenial judaico sobre a Terra se todos os crentes estão arrebatados desta Terra por ocasião de Sua Vinda?

O Segundo Advento Dividido em Duas Fases

Para solucionar este dilema, os dispensacionalistas dividem o Segundo Advento em duas fases: Primeiro uma vinda invisível para arrebatar secretamente a Igreja, e, segundo, uma vinda visível sete anos mais tarde para destruir os ímpios e estabelecer o Reino Judaico milenial. O raciocínio por detrás desse arranjo pode parecer correto, mas está errado em vista de fundamentar-se sobre o incorreto pressuposto de que há uma distinção radical entre o plano do ETERNO para Israel e para a Igreja.

Não há respaldo bíblico para uma distinção radical entre Israel e a Igreja. O futuro de Israel não é visto no Novo Testamento como um reino político milenial separado na Palestina, mas como um de bênçãos duradouras compartilhado juntamente com todos os remidos de todas as era numa nova Terra restaurada.

Desafortunadamente, é esse pressuposto equivocado que determina a interpretação de textos bíblicos aduzidos em apoio ao arrebatamento. Argumenta-se, por exemplo, que um certo texto não pode referir-se à Igreja porque descreve a grande tribulação, que se supõe aplicar-se apenas a Israel. Esse tipo de raciocínio circular, com base num pressuposto gratuito, não é o método correto de interpretar textos bíblicos. As conclusões devem ser extraídas de exegese cuidadosa, não de pressupostos preconcebidos.

Quatro Razões Para Rejeitar o Arrebatamento Secreto

Um cuidadoso estudo de textos bíblicos relevantes quanto ao Retorno de Cristo sugere pelo menos quatro razões principais para rejeitar o ponto de vista de uma Segunda Vinda de Cristo em dois estágios.

1 - O Vocabulário do Segundo Advento.

A primeira razão para rejeitar um arrebatamento secreto que antecede à tribulação é o fato de que o vocabulário do Segundo Advento não oferece respaldo para tal ponto de vista. Nenhuma das três palavras gregas usadas no Novo Testamento para descrever o Retorno de Cristo, ou seja, parousia-vinda,apokalypsis-revelação, e epiphaneia-aparecimento, sugere um arrebatamento secreto pré-tribulacional como objeto da esperança cristã no Advento.

Os pré-tribulacionistas alegam que a palavra parousia-vinda é usada por Paulo em 1 Tessalonicenses 4:15 para descrever o arrebatamento secreto. Mas em 1 Tessalonicenses 3:13 Paulo emprega a mesma palavra para descrever “a vinda de nosso Messias Yaohushua com todos os Seus santos” - uma descrição, segundo os pré-tribulacionistas, da segunda fase do Retorno de Cristo. Novamente, em 2 Tessalonicenses 2:8, Paulo emprega o termo parousia-vinda em referência à Vinda de Cristo que causará a destruição do anticristo - um evento que, de acordo com os pré-tribulacionistas, supostamente ocorrerá na segunda fase da Vinda de Cristo.

Semelhantemente, as palavras apokalypsis-revelação e epiphaneia-aparecimento, são utilizadas para descrever tanto o que os pré-tribulacionistas chamam de arrebatamento  (1 Cor 1:7; 1 Tim 6:14) e o que chamam de Retorno, ou segunda fase da Vinda de Cristo (2 Tess 1:7-8, 2:8).  Destarte, o vocabulário da Bendita Esperança não propicia base alguma para uma distinção do Retorno de Cristo em duas fases, uma vez que seus termos originais são empregados intercambiavelmente para descrever o mesmo evento. Mais importante ainda é o fato de que cada um desses três termos é claramente empregado para descrever o Retorno de Cristo pós-tribulacional, o que é visto como objeto da esperança do crente.

parousia, por exemplo, é indisputavelmente pós-tribulacional em Mateus 24:27, 38, 39 e em 2 Tessalonicenses 2:8.  O mesmo é verdade de apokalypsis-revelação, em 2 Tessalonicenses 1:7 e de epiphaneia-aparecimento em 2 Tessalonicenses 2:8.  Portanto, o vocabulário da Bendita Esperança exclui a possibilidade de uma Vinda Secreta de Cristo para arrebatar a Igreja, seguida de uma tribulação de sete anos e da Vinda gloriosa, visível para estabelecer o Reino Judaico milenial. Os termos usados claramente apontam a um Advento de Cristo único, indivisível, pós-tribulacional para trazer salvação aos crentes e retribuição aos descrentes.

2 - Nenhum Arrebatamento da Igreja

Uma segunda razão para rejeitar um arrebatamento pré-tribulacional secreto da Igreja é o fato de que não há qualquer indício no Novo Testamento de um arrebatamento instantâneo [violento] da Igreja. A descrição mais notória do Segundo Advento encontrada em 1 Tessalonicenses 4:15-17, sugere exatamente o oposto quando fala que o Messias desce do céu “dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta do ETERNO” . . . “os mortos em Cristo ressuscitarão primeirodepois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Messias nos ares”.

O clamor, a trombeta e o grande ajuntamento dos vivos e santos ressurretos dificilmente sugeriria um evento secreto, instantâneo e invisível. Pelo contrário, como frequentemente se tem assinalado, esta talvez seja a passagem mais barulhenta da Bíblia. A referência a um ressoar “da trombeta” e paralelamente ao texto de Mateus 24:31 e 1 Coríntios 15:52, que falam de fortes sons de trombeta, corroboram a visibilidade e natureza pública do Segundo Advento. Nenhum traço de um arrebatamento secreto pode ser encontrado em qualquer destas passagens.

3 - Nenhuma Remoção da Igreja da Grande Tribulação

Uma terceira razão para rejeitar a noção de um arrebatamento secreto pré-tribulacional da Igreja é o fato de que tal noção não tem apoio das passagens que tratam da tribulação. Por exemplo, em seu discurso no Monte das Oliveiras, Yaohushua fala da “grande tribulação” que imediatamente precederá a Sua vinda e promete que “por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados” (Mat. 24:21-22, 29).  Alegar que “os eleitos” são apenas os crentes judeus, e não membros da Igreja, representa ignorar que Cristo está se dirigindo a Seus apóstolos que representam não só o Israel nacional, mas a Igreja em escala ampla. Isto é confirmado pelo fato de que tanto Marcos quanto Lucas fazem referência ao mesmo discurso para a Igreja  (Marcos 13; Lucas 21).

NOTA Monte do Sinai: Os estudiosos das Escrituras erram [Mc 12:24] quando "acreditam" que gentio é um termo usado para as pessoas das nações... No entanto, escriturísticamente, a Casa de Israel [as 10 tribos do Norte ou além do Jordão] são os gentios (Is 9:1) e o Messias veio para resgatá-los e assim unir novamente Judá à Israel (Mt 10:6). Paulo, o apóstolo dos gentios, foi chamado por Yaohushua para dar continuidade à esta missão e foi por entre as nações em busca destas 10 tribos... Se não fosse assim estaríamos dizendo que o Criador ERROU ao escolher, castigar e profetizar a união (restauração) das 2 casas. Portanto, quem prega a SUBSTITUIÇÃO de um POVO [judaicos] por outro [nós] desconhece as profecias - Rm 11 trata desta restauração!

É também digna de nota a grande semelhança entre a descrição que Cristo faz do arrebatamento da Igreja em Mateus 24:30, 31 e a de Paulo em 1 Tessalonicenses 4:16, 17. Ambos os textos mencionam a descida do Messias, a trombeta que soa, os anjos acompanhantes e a reunião do povo do ETERNO. Tais semelhanças sugerem que ambas as passagens descrevem o mesmo evento. Contudo, em Mateus o arrebatamento de Cristo é explicitamente situado “após a tribulação” (Mat. 24:29), ao tempo da Vinda de Cristo “com poder e grande glória” (vs. 29, 30). O paralelismo entre as duas passagens indica claramente que o arrebatamento da Igreja não precede, mas, pelo contrário, segue-se à grande tribulação; ou seja, a IGREJA está presente durante a Tribulação [sete últimas pragas].

Cristo nunca prometeu à Sua Igreja um arrebatamento pré-tribulação deste mundo. Antes, prometeu proteção em meio à tribulação. Em Sua petição ao Pai, Ele disse: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (João 17:15).  Semelhantemente à Igreja de Filadélfia, Cristo promete: “Eu te guardarei  da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a Terra” (Apoc. 3:10).  Se a Igreja estivesse ausente desta Terra durante a hora de prova, não haveria necessidade de proteção divina.

4 - Nenhum Arrebatamento Pré-Tibulação nas Escrituras

Por último, a noção de um arrebatamento secreto pré-tribulacional é negada por Paulo e pelo livro de Apocalipse. Em suas admoestações aos tessalonicenses, Paulo explica que os crentes terão “alívio” da tribulação desta era presente “quando do céu se manifestar o Messias Yaohushua com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a o ETERNO. . .” (2 Tess 1:7-8).  Em outras palavras, os crentes experimentarão libertação dos sofrimentos desta era, não mediante um arrebatamento secreto, mas por ocasião da revelação pós-tribulacional de Cristo.

NOTA Monte do Sinai: No Egito, quando as pragas caiam, não atingiam o Povo Hebreu...

No segundo capítulo Paulo refuta as concepções errôneas que prevaleciam entre os tessalonicenses de que o dia do Messias havia vindo. Para refutar esse equívoco ele cita dois eventos principais que deveriam dar-se antes da Vinda do Messias, ou seja, a rebelião e o aparecimento do “homem da iniqüidade” (2 Tess 2:3) que perseguiria o povo do ETERNO; e, complementa falado-nos da Operação do Erro oferecida àqueles que não aceitam a Verdade - vs 10.

O que é crucial nesta passagem é que Paulo não faz menção de um arrebatamento pré-tribulacional como um precedente necessário para a Vinda do Messias. Contudo, este deveria ser o argumento mais forte que Paulo poderia apresentar para provar aos tessalonicenses que o dia do Messias não poderia possivelmente ter vindo, uma vez que o seu arrebatamento ainda não tivera lugar. A omissão de Paulo desse argumento vital sugere fortemente que Paulo não cria num arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.

Esta conclusão também é apoiada pela menção por Paulo do aparecimento do anticristo - um evento indiscutivelmente tribulacional que os crentes verão antes da vinda do Messias. Se Paulo esperasse que a Igreja fosse arrebatada deste mundo antes da tribulação causada pelo aparecimento do anticristo, ele dificilmente teria ensinado que os crentes veriam tal evento antes da vinda do Messias. Que interesse os tessalonicenses teriam no aparecimento do anticristo, juntamente com a tribulação que o acompanharia, se devessem ser arrebatados antes desses eventos terem lugar? Assim, tanto por sua omissão quanto por sua afirmação, Paulo nega o ponto de vista de um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.

Nenhum Arrebatamento Pré-Tribulacional no Apocalipse

O livro de Apocalipse trata em maiores detalhes do que qualquer outro livro do Novo Testamento dos eventos associados com a grande tribulação, tais como o soar das sete trombetas, o aparecimento da besta que inflige uma terrível perseguição sobre os santos do ETERNO, e o derramamento das sete últimas pragas (Apoc. 8 a 16). Conquanto João descreva em grande detalhe os eventos tribulacionais, ele nunca menciona ou sugere um Advento de Cristo secreto e pré-tribulacional para reunir Sua Igreja. Isto surpreende muito, em vista de que o expresso propósito de João é instruir as Igrejas [judaicos e povos das nações que aceitassem o Deus de Israel] com respeito aos eventos finais.

João explicitamente menciona uma incontável multidão de crentes que passarão pela grande tribulação. “São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras, e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Apoc. 7:14). Os pré-tribulacionistas argumentam que esses crentes são somente da raça judaica, supostamente em vista de que a Igreja em Apocalipse 4 a 19 não mais está sobre a Terra, mas no céu (?). Tal raciocínio perde o seu crédito, primeiramente pelo fato de que em parte alguma João diferencia entre os santos na tribulação que sejam judeus ou "gentios" (na concepção pentecostal).

João explicitamente declara que os crentes vitoriosos da tribulação vêm de “toda nação, tribo, língua e povo” (Apoc. 7:9). Esta frase ocorre repetidamente no Apocalipse para designar não exclusivamente os judeus, mas inclusivamente todo membro da família humana (Apoc. 5:9; 10:11; 13:7; 14:6).  O Cordeiro, por exemplo, é louvado pelos 24 anciãos por ter resgatado homens “de toda tribo e língua e povo e nação” (Apoc. 5:9). Obviamente, Cristo não resgatou somente judeus [os 144.000], mas pessoas de todas as raças [multidões].

NOTA Monte do Sinai: Os 144.000 são são os judaicos dos dias dos apóstolos que aceitaram o Messias... Cornélio, abre a Grande Multidão!

Êxtase de João, Não Arrebatamento da Igreja

O argumento de que a Igreja em Apocalipse 4 a 19 está no céu baseia-se num falso pressuposto de que a ordem a João, “Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas cousas” (Apoc. 4:1) refere-se supostamente ao arrebatamento da Igreja no céu. Esta é uma interpretação sem fundamento, porque o texto não fala do arrebatamento da Igreja, mas da experiência visionária extática de João. Até mesmo John F. Walvoord, destacado pré-tribulacionista, reconhece abertamente que “não há autoridade para ligar o arrebatamento com esta expressão”.9

As semelhanças entre as admoestações dadas nas cartas às sete Igrejas e as que são dadas aos santos que enfrentam a tribulação sugerem que os dois são essencialmente o mesmo povo. Por exemplo, quatro vezes nas sete cartas a necessidade para “suportar” é realçada (Apoc. 2:2, 3, 19; 3:10), e se espera a mesma qualidade dos santos que passam pela tribulação (Apoc. 13:10; 14:12).  Semelhantemente, a necessidade de “vencer”, expressa sete vezes nas cartas às Igrejas  (Apoc. 2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21), é o próprio atributo dos santos na tribulação “que venceram a besta e sua imagem” (Apoc. 15:2).  Dificilmente se conceberia que João tencionava atribuir as mesmas características a dois grupos diferentes de pessoas.

NOTA Monte do Sinai: Repetimos, o conceito de SUBSTITUIÇÃO é satânico uma vez que parte do pressuposto que o ETERNO errou ao escolher o Seu Povo, tendo que o substituir - Rm 11:1-4.

A Igreja Sofre a Tribulação, mas Não a Ira Divina.

Em Apocalipse 22:16 Yaohushua reivindica ter enviado o Seu anjo a João “para testificar estas cousas à Igreja”. É difícil ver como as mensagens dadas pelo anjo a João poderiam ser um testemunho para as Igrejas, se a Igreja - segundo os pentecostais - não está diretamente envolvida na maior parte dos eventos descritos no livro (Apoc. 4 a 19).

O ponto básico da questão é que a Igreja em Apocalipse sofrerá perseguição por poderes satânicos durante a tribulação final, mas não sofrerá a ira divina. A ira divina, que é retratada pelas sete pragas apocalípticas, não é derramada indiscriminadamente sobre todos, mas seletivamente sobre aqueles que são “portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem” (Apoc. 16:2; cf. 14:9-10).

Tal como os antigos israelitas desfrutaram da proteção do ETERNO durante as dez pragas (Êxo. 11:7), assim o povo do ETERNO será protegido quando Sua ira divina cair sobre os ímpios. Essa divina proteção é representada em Apocalipse por um anjo que sela os servos do ETERNO em suas testas (Apoc. 7:3) de modo a que sejam poupados quando a ira do ETERNO sobrevir sobre os impenitentes (Apoc. 9:4). Por fim, o povo do ETERNO será resgatado pelo glorioso Retorno de Cristo (Apoc. 16:15; 19:11-21). Destarte, a Revelação não retrata um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja, mas um Retorno pós-tribulacional de Cristo.

Conclusão. 

À luz das razões acima discutidas, concluímos que o ensino popular de uma Vinda Secreta de Cristo para arrebatar a Igreja antes da tribulação final é um sinal errado do Tempo do fim destituído de qualquer respaldo bíblico. Tal crença torna o ETERNO culpado de chocante discriminação, por dar tratamento preferencial à Igreja que é removida da Terra antes da tribulação final reservada aos judeus. As Escrituras ensinam que a Segunda Vinda de Cristo é um evento único que ocorre após a grande tribulação e será experimentada pelos crentes de todas as eras e de todas as raças. Esta é a Bendita Esperança que une “toda nação, e tribo, e língua e povo” (Apoc. 14:6).

ADENDO: O Papel de Israel nas Profecias

O material abaixo foi extraído de outro artigo do Dr. Bacchiocchi mais completo e profundo sobre a campanha do livro e filme intitulados “Left Behind” (Deixados para Trás). O material trata em maior detalhe sobre um importante aspecto nessa discussão - o papel de Israel nas profecias.

Avaliação do Ponto de Vista dos “Dois Povos”

É o conceito de uma distinção radical entre o plano do ETERNO para Israel e para a igreja um ensino bíblico válido ou um pressuposto infundado? Acaso o ponto de vista neotestamentário para a igreja é o de um povo diferente e separado do povo do “Israel natural”? A resposta é abundantemente clara. O Novo Testamento considera a igreja, não como uma “intercalação” temporária, mas como continuação do verdadeiro Israel do ETERNO. Para verificar esta última posição, breve alusão será feita a algumas significativas declarações de Cristo, Pedro e Paulo.

O ajuntamento do Verdadeiro Israel por Cristo

Ao chamar e ordenar doze discípulos como Seus apóstolos, Cristo manifestou Sua intenção de reunir o remanescente messiânico das doze tribos de Israel num novo organismo, chamado a Igreja (Mat. 16:18-19). Este não é um organismo independente designado a repor Israel temporariamente mas um rebanho que reúne tanto as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mat. 10:6; cf. 15:24; Atos 1:8) como as perdidas pelo mundo [nações ou gregos - Rm 1:16].

Referindo-se à profecia de Isaías com respeito à reunião dos gentios [Casa de Israel], Cristo anunciou: “Ainda tenho outras ovelhas [Casa de Israel], não deste aprisco [Casa de Judá]; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então haverá um rebanho e um apascentador” (João 10:16; cf. Isa.56:6-8; Ef 2:14). Como apascentador messiânico, Cristo veio reunir o remanescente de Israel, Judá e pessoas das nações que O aceitasse, não em dois rebanhos separados [ou para substituí-los], mas num só rebanho.

Quando elogiando a fé do centurião, Yaohushua disse: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.

NOTA Monte do Sinai: Note que em nenhum momento das Escrituras é dito "Reino NOS Céus mas sempre Reino DO Céu - Origem e não Lugar!

Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas”. (Mat. 8:11-12 - Solicite a correta interpretação sobre a parábola do Joio e o Trigo). É digno de nota que Cristo não promete o Reino do ETERNO a uma futura geração de judeus, como alguns dispensacionalistas mantêm, mas a crentes de todas as nações, “do Oriente e do Ocidente”.

Uma Realidade Presente

O reino messiânico prometido no Velho Testamento é visto por Cristo não como um evento futuro envolvendo a restauração territorial e política de Israel, mas como uma realidade presente que raiou mediante Seu ministério vitorioso sobre o pecado, satanás e a morte. “Se, porém, Eu expulso demônios, no Espírito do ETERNO, certamente é chegado o reino do ETERNO sobre vós” (Mat. 12:28). O reino de Cristo é composto, não por dois povos separados, Israel [aqui, as 2 casas] e a Igreja, mas por um povo, o “Novo Israel”, consistindo de judaicos [2 casas] e crentes das nações. Leia ROMANOS 11...

A Seus discípulos Yaohushua declarou: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai Se agradou em dar-vos o Seu reino” (Lucas 12:32). Notem que o prometido Reino messiânico é dado não a uma futura geração substituinte (Mat. 11:29; 13:38; 8:11-12). F. F. Bruce comenta adequadamente: “O chamado de Yaohushua por discípulos para estarem junto a Si a fim de formarem o ‘pequenino rebanho’ que haveria de receber o Reino (Lucas 12:32; cf. Dan 7:22, 27) assinala-O como o fundador do Renovado Israel - Mt 16:18”.

Os profetas falam de Israel como rebanho ou ovelha do ETERNO (Isa. 40:11; Jer. 31:10; Eze. 34:12-14). Ao chamar Seus discípulos de “pequenino rebanho” ao qual o ETERNO estava dando o Reino, está inegavelmente identificando Seus discípulos [judaicos] como o verdadeiro remanescente de Israel. Ademais, ao comissionar Seus apóstolos para “pregar o evangelhos por todo o mundo” (Marcos 16:15-16), Cristo revelou que a missão profética do Israel nacional (Isa. 49:6; 60:3) estava sendo cumprida por Seu rebanho messiânico, a Igreja, que consiste de discípulos procedentes de todas as nações. Israel prossegue existindo, não à parte da Igreja, mas como parte dela.

A Descrição do Renovado Israel por Pedro

Pedro, à semelhança de Cristo, via a Igreja como cumprimento das promessas feitas ao antigo Israel. No dia de Pentecoste, Pedro declarou que a profecia de Joel concernente à restauração messiânica de Israel (Joel 2:28-32) estava se cumprindo através do derramamento do Espírito Santo [Yaohushua, agora em espírito Onipresente - At 20:28] sobre a Igreja (Atos 2:16-21).

Para Pedro, a Igreja não é uma entidade não-predita no Velho Testamento, nem uma interrupção temporária do plano divino para Israel; antes, é o cumprimento do remanescente escatológico de Israel. Se o início da Igreja é visto por Pedro como cumprimento de uma profecia concernente a Israel, temos razões em crer que os eventos finais da Igreja devem também representar o cumprimento de certas profecias do Velho Testamento relativas a Israel.

NOTA : É um erro traduzir Brit'chadashá como Nova Aliança, pois isto implica em SUBSTITUIÇÃO! A Aliança é a mesma; apenas foi cumprida ou RENOVADA em Cristo! Veja: Bhit = nova e, Brit - renovar...

A Igreja é o Renovado Israel

É digno de nota que Pedro aplica à Igreja aqueles títulos do Velho Testamento que designam a Israel: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva do ETERNO, a fim de proclamardes as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa Luz, vós, sim, que antes não éreis povo, mas agora sois povo do ETERNO, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1 Ped. 2:9-10).

 Esta descrição da Igreja é uma combinação de três passagens veterotestamentárias (Êxo. 19:6; Isa. 43:20-21; Osé. 1:6, 9; 2:1) que caracterizam o povo do ETERNO. Pedro reúne a visão de Israel do Velho Testamento e proclama seu cumprimento na Igreja. Em palavras bastante claras, Pedro demonstra que a “raça escolhida” não é mais exclusivamente os judeus étnicos, mas tanto crentes judeus quanto crentes das nações, enxertados na Árvore! A Igreja é o renovado Israel que cumpre as promessas feitas ao Israel do Velho Testamento.

A Visão de Paulo do “Israel do Criador”.

À semelhança de Cristo e Pedro, Paulo também via a Igreja como o verdadeiro Israel. Falando aos judeus reunidos na sinagoga em Antioquia da Pisídia, Paulo afirmou: “Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como o ETERNO a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Yaohushua” (Atos 13:32-33).

Neste discurso Paulo explica que as promessas do ETERNO aos pais foram cumpridas em Cristo. O cumprimento não resulta no estabelecimento de um reino judaico durante o milênio, mas no “perdão dos pecados” concedido mediante Cristo a “todo o que crer” (Atos 13:38-39). As promessas feitas a Israel são, portanto, cumpridas na Igreja do Renovado Testamento [Brit'chadashá], não mediante uma restauração dos judeus étnicos, mas através de uma redenção espiritual de todos os crentes juntamente com estes...

 Em sua epístola aos gálatas Paulo emprega a frase “o Israel do Criador” [Gl 6:16], usando a frase TODOS e isto inclui tanto judeus quanto os crentes das demais nações: “Nem a circuncisão [judeus] é cousa alguma, nem a incircucisão [nações], mas o ser nova criatura. E a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel do ETERNO” (Gal. 6:15-16). Alguns dispensacionalistas mantêm que a frase “o Israel do ETERNO” refere-se exclusivamente aos judeus crentes. Eles traduzem a palavra grega kai como “e”, significando “adicionalmente a”. Noentanto, “o Israel do ETERNO” refere-se exclusivamente aos cristãos judeus que Paulo supostamente distingue da igreja como um todo, porque deixaram o legalismo para seguirem a regra de Cristo.

Unidade de Judeus e "Gentios" [sempre na concepção pentecostal].

Esta interpretação, contudo, ignora tanto o contexto imediato de Gálatas e a ênfase teológica mais ampla. O contexto imediato fala de “quantos andarem de conformidade com esta regra”. Isso inclui os crentes judaicos [aqui, as 2 Casas] e crentes das nações, uma vez que é dito que tanto a circuncisão quanto a incircuncisão nada representam. Assim, o “Israel do ETERNO” é uma descrição adicional de ambos os grupos que andam “de conformidade com esta regra”. O contexto mais amplo realça a unidade que ambos os grupos compartilham em Cristo: “Não pode haver judeu nem grego [porque aqui ele não usa a palavra gentio?]; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Yaohushua. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa” (Gál. 3:28-29).

À luz do contexto imediato e mais amplo, o “Israel do ETERNO” não pode ser um grupo distinto de judeus crentes, à parte dos crentes das nações. Alegar assim representa destruir a própria unidade que Paulo se empenha em estabelecer. Antes, a frase “Israel do ETERNO” foi empregada por Paulo como uma maneira explicatória para qualificar adicionalmente “quantos andarem em conformidade com esta regra”. Ou seja, pessoas judaicas e crentes, por entre as nações [gregos, para Paulo].

A Integração dos "gentios" no Israel, por Paulo

Paulo ensina repetidamente a integração de crentes das nações [não "gentios", na concepção dos que alegam que a igreja foi substituída - o Israel Espiritual] em Israel como herdeiros das promessas do ETERNO. Em Efésios Paulo claramente explica que os gentios que noutro tempo estavam “sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa” (isto é, apostatados - Efé. 2:12), não mais são “estranhos às alianças da promessa... mas... não mais estrangeiros e peregrinos, mesmo concidadãos dos santos”, como membros da “família do ETERNO” (Efé. 2:19).

Essa integração destes gentios [pessoas judaicas pertencentes às 10 tribos espalhadas por entre as nações] à “comunidade de Israel” e “às alianças da promessa” tiveram lugar mediante Yaohushua que uniu tanto os judeus [Judá] quanto os gentios [Israel] “para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos [as 2 Casas] em um só corpo com o ETERNO, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Efé. 2:15-16).

O pensamento de um propósito separado para crentes judeus na presente era ou num futuro milênio é aqui totalmente excluído por Paulo. De fato, tal pensamento destruiria a própria unidade das 2 Casas que Cristo realizou [Dn 9:24-27]. Paulo explica aos efésios que foi pela revelação do ETERNO que se tornou conhecida a ele este “mistério” de como “os gentios [israelitas] são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Yaohushua por meio do evangelho” (Efé. 3:5-6). Três vezes Paulo ressalta aqui que os gentios compartilham com Israel a promessa da aliança. Qualquer sistema teológico que divida [ou substitua] o que o ETERNO ajuntou está operando contra o propósito divino.

A Imagem Paulina da Oliveira

Em Romanos 9-11 Paulo descreve a integração de gentios [10 tribos do norte] em Israel utilizando a imagem efetiva do enxerto de ramos bravos de oliveira (10 tribos) à única oliveira do Israel do ETERNO (Rom. 11:17-24). Observem que para Paulo a salvação dos gentios não resulta no brotar de uma novaoliveira, mas em re-enxertar os mesmos na mesma oliveira (vs 23). Quanto aos crentes das nações [nós], se aceitarmos ao Messias do judaicos (Jo 4:22), seremos ENXERTADOS, não re-enxertados, na Oliveira que é Yaohushua hol'Mehushkháy!

A árvore de Israel não é arrancada por causa de descrença, mas é podada, ou seja, reestruturada mediante o enxerto de ramos vindo das nações [nós] e de gentios; os da Casa de Israel a serem re-enxertados. A Igreja vive da raiz e tronco do Israel do Velho Testamento (Rom. 11:17-18). Por meio dessa expressiva imagem, Paulo descreve a unidade e continuidade que existe no plano redentor do ETERNO para Israel e Sua Igreja.

Inter-relação Entre Israel e a Igreja.

Os dispensacionalistas apelam a Romanos 11:25-26 para argumentar em favor de uma futura conversão da nação de Israel, independentemente da Igreja. A passagem assim reza: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais presumidos em vós mesmos, que veio endurecimento em parte a Israel até que haja entrado a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo” (Rom. 11:25-26). Os dispensacionalistas explicam esta passagem como ensinando uma conversão em larga escala da nação de Israel após a reunião da plenitude dos gentios estar completa, pouco antes do tempo do Retorno de Cristo.

Essa interpretação ignora quatro importantes observações. Primeiro, a frase “todo Israel será salvo” não se refere apenas à última geração de judaicos, uma vez que esta seria apenas uma fração de todos os judaicos que até então viveram. Em segundo lugar, o texto não está discutindo a sucessão temporal, mas a maneira pela qual Israel será salvo. O texto não diz “e então [após a reunião dos gentios] todo Israel será salvo”. Antes, declara: “E assim [desse modo, pelo fato de os judaicos serem movidos por ciúmes pela salvação dos israelitas] todo Israel [as 2 Casas] será salvo”. Em terceiro lugar, os judeus estão sendo salvos por serem re-enxertados na mesma oliveira em que os judaicos [e crentes advindo das nações] também estão. Assim, a salvação dos judeus não ocorre independentemente da dos demais crentes, mas concomitantemente a isso.

Por fim, se a reunião de um número pleno de gentios [israelitas] tem lugar ao longo da história, há razão para duvidar que o mesmo também seja verdadeiro quanto à reunião dos judeus. De fato, no vs. 31 Paulo especificamente declara que os judeus “agora foram desobedientes, para que igualmente eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi concedida”. Essas observações claramente indicam que Paulo aqui não está apresentando uma ordem de dispensações sucessivas [conceito anti-bíblico], mas uma promessa de interrelação dinâmica entre a salvação de Israel e a da Igreja na pessoa do Messias.

O equivocado pressuposto de dois povos [judaicos e demais crentes, das nações] com dois destinos em grande medida deriva de uma teologia de desprezo para com os judeus [o Povo do ETERNO], antes que do ensino bíblico de um rebanho, um apascentador, e um destino. O Novo Testamento frequentemente fala dos judaicos em cotejo com os gentios (israelitas), nunca ensina ou deixa implícito que o ETERNO tenha em mente um futuro separado para Judá distinto daquele planejado para os israelitas e ou a nós. Há uma unidade existente entre Israel e a Igreja. Na Nova Jerusalém estão inscritos tanto os nomes das doze tribos de Israel [Judá + Isarel] quanto os nomes dos doze apóstolos, os primeiros nas doze portas e os últimos nos doze fundamentos (Apo. 21:12, 14), pois através deles [mediante Yaohushua], as Duas Casas podem ser reunidas! A Igreja e Israel [como um todo] assim compartilham não só da mesma salvação presente, mas também da mesma glorificação e restauração finais. O futuro de Israel é visto no Novo Testamento, não em termos de um reino milenial político na Palestina exclusivamente para eles, mas em termos de bênção eterna compartilhada com os remidos de todas as eras numa nova terra que será restaurada durante o milênio! Leia Zc 8:23; Is 14:1.

Conclusão.

À luz das considerações anteriores concluímos que o ensino popular promovido por “Left Behind” [deixado para trás, um popular filme religioso e série de livros de ficção escatológica] de um desaparecimento súbito de milhões de cristãos, deixando para trás uma massa de judeus descrentes e pessoas não convertidas, é uma ficção enganosa e não uma verdade bíblica. A popularidade desse engano pode ser atribuído à falsa premissa de que os crentes serão poupados de sofrer a tribulação final.

NOTA: Os pré-tribulacionistas crêem que o governo do anti-cristo ocorrerá dentro da tribulação após o ARREBATAMENTO da Igreja (2ª parte dos sete anos da última semana de Daniel, segundo eles - ONDE ESTÁ ESCRITO QUE DEVEMOS COLOCAR A ÚLTIMA SEMANA NO FUTURO?) e os que assim crêem correm o risco de NÃO reconhecerem o Verdadeiro Yaohushua em Sua volta confundindo-O com o anticristo, pois ao verem Yaohushua nas nuvens e como "ainda" a igreja não foi arrebatada, não julgarão ser Yaohushua! Mais um engano satânico ensinado dentro de muitas igrejas. Por isto Paulo foi enfático aos tessalonicenses: Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição... II Tes 2:3 (leia o capítulo todo).

Numa época em que as pessoas engolem toda sorte de analgésicos para evitar ou aliviar a dor, não surpreenda-se que muitos estejam dispostos a engolir também o engano de um Arrebatamento pré-tribulacional - um ensino que promete às pessoas isenção do sofrimento da tribulação final. Tal ensino atraente, contudo, não carece apenas de suporte bíblico, mas é também incriminatório do caráter do ETERNO. Retrata o ETERNO como um Ser discriminador que dá tratamento preferencial à Igreja removendo-a de sobre a Terra, antes de despejar a tribulação final sobre os que são deixados para trás e você, "lá do céu" vendo os seus entes queridos tendo uma segunda chance debaixo de muitas tribulações imposta pelo anti-cristo!

“Left Behind” [deixado para trás] posiciona a conversão de muitos descrente durante a tribulação - um ensino fora do contexto. Repetidamente o Apocalipse afirma que aqueles que experimentam as pragas finais “não se arrependeram de sua obras” (Apoc. 16:11; 16:9). Ademais, destrói a unidade e finalidade da Vinda de Cristo, apresentada nas Escrituras como um evento único que ocorre após a Grande Tribulação. Nessa ocasião os santos adormecidos serão ressuscitados (entre eles, os 144.000 - judeus naturais selados nos dias apostólicos), os santos vivos serão transformados  juntamente como os crentes de todas as eras (grande multidão) se reunirão com o Messias sobre o Monte Sião - Jerusalém terreal - iniciando-se o governo messiânico de Yaohushua em SEU trono [Ap 3:21]. E aqueles que não aceitarem o Messias vindouro “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Messias” (II Tess 1:9).

Não haverá uma segunda chance para a imensa maioria dos que não O aceitarem por ocasião da Sua vinda, porque o fogo purificador de Sua presença consumirá todos os pecadores... Nossa bendita esperança repousa não sobre a ficção de desaparecer subitamente no espaço, mas na promessa do retorno de Cristo para restaurar o Trono de Davi! At 15:16.

NOTA : Como sabemos, durante o reino milenar de Yaohushua, aqui na Terra, formar-se-á nações oriundas dos poucos que restarem [Is 24:6] (como a areia do mar - Apoc 20:3, 8) e para estes sim (que nascerem durante o milênio) haverá a possibilidade de morte, ou seja, de perder-se!

Referências:

  1. Hal Lindsey, The Rapture: Truth or Consequences (New York, 1983), p. 24.
  2. Hal Lindsey, The Late Great Planet Earth(Grand Rapids, 1970), p. 54.
  3. Para uma pesquisa breve, mas  informativa, do desenvolvimento do pré-tribulacionismo, ver Richard R. Reiter, "A History of the Development of the Rapture Position," The Rapture.  Pre-, Mid-, or Post-Tribulational Symposium (Grand Rapids, 1984), pp. 24-34.
  4. Ver também Norman F. Douty, Has Christ's Return Two Stages? (New York, 1956); Alexander Reese, The Approaching Advent of Christ (Grand Rapids, 1975).
  5. John F. Walvoord, The Rapture Question (Grand Rapids, 1957), p. 50.
  6. C. C. Ryrie, Dispensationalism Today ( Chicago, Moody Press, 1965), p. 159.
  7. Hal Lindsey, The Late Great Planet Earth(Grand Rapids, 1970), p. 143.
  8. Ibid.
  9. John F. Walvoord, The Revelation of Yaohushua (Chicago, 1966), p. 103.

Edição e Notas: Monte do Sinai 

 

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