A Humanidade do Messias
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai." João 1:14
O texto acima afirma que O Messias se fez carne ao vir à Terra. Como foi que isto aconteceu? Como foi que um Deus veio a nascer no útero de Maria? Este é processo é denominado de mistério da piedade pelo apóstolo Paulo (I Tim. 3:16), e a revelação nos declara que será objeto de estudo pelas eras eternas. Todavia, quando pesquisamos sobre este tema, poderemos verificar outros muitos detalhes que nos pareciam antes ocultos.
A Bíblia nos declara qual era o corpo que o Messias tinha quando veio à Terra:
“Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;” Hebreus 10:5
No texto acima observamos o Messias afirmando que o Pai preparou o corpo para que Ele vir ao mundo. Seria este um corpo humano?
O messias veio à Terra em um corpo humano, assim como qualquer um de nós. Assim, no que tange ao corpo, o Messias era essencialmente homem. Resta-nos então saber o seguinte: uma vez que o Messias era Deus assim como o Pai é Deus, antes de vir à Terra, que “parte” do Messias veio para a Terra, na encarnação? A Bíblia traz-nos revelações precisas quanto a isto. Primeiramente, apresentamos um texto bíblico:
“pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Filipenses 2:6-8
O texto acima atesta que o Messias esvaziou-se de si mesmo quando veio à Terra para assumir a forma humana. Isto significa que Ele deixou de ser o que era – um Deus passou a ser homem.
Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito. João 3:16. Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós; deu-O para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, O ALTÍSSIMO deu Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre Sua natureza humana. Esse é o penhor de que O ALTÍSSIMO cumprirá Sua palavra. "Um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre os Seus ombros." Isa. 9:6. O ALTÍSSIMO adotou a natureza humana na pessoa de Seu Filho, levando a mesma ao mais alto Céu.
Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e provação que Adão, Eva e todos nós. Sua natureza humana foi criada; ela nem sequer possuía os poderes angélicos. Era humana, idêntica à nossa.
Podemos entender figuradamente a encarnação do Messias considerando a Sua divindade como se esta fosse a água contida em um copo. O fato de Ele esvaziar-se de Si mesmo para tornar-se homem, equivaleria ao copo ser esvaziado da água que contém. Ao ser o copo esvaziado, este fica sem água. Não é mais um copo de água, e sim um copo vazio. Assim, o Messias, que possuía a natureza divina, quando se esvaziou, deixou de tê-la. Utilizando ainda o comparativo do copo de água, temos que, se o copo foi esvaziado, a água que nele estava passou a estar em outro lugar. Da mesma forma, a divindade que estava no Messias passou a não mais estar nEle, encontrando-se em outro lugar.
Todavia, para onde poderia ter ido a divindade do Messias quando este veio à Terra? Ela não poderia ter ficado em um outro lugar qualquer do Universo, subsistindo sozinha, enquanto Ele estava como homem na Terra pois admitir isto seria admitir que teria sido em realidade dividido em dois – Deus e homem – o que é absurdo. Uma simples reflexão sobre o tema nos mostra que a divindade do Messias, “a água do copo” de nosso exemplo, só poderia sair dEle para o lugar de onde ela uma vez se originou – do Pai. Rememoramos aqui que a divindade dEle saiu do Pai porque Ele próprio “saiu” do Pai, ou seja, foi gerado pelo Pai, conforme vimos na seção anterior, e de acordo com o que Ele diz de Si mesmo na Bíblia:
“porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.” João 17:8
Assim, temos que a divindade do Messias ficou no Pai. Isto sim era possível, porque o Pai uma vez originou o Messias e Sua divindade. Após compreendermos isto, resta-nos ainda responder a uma pergunta:
Se a divindade, que era a própria natureza do Filho DO ALTÍSSIMO, ficou em Seu Pai, que parte do Messias veio ao corpo preparado para Ele pelo Pai dentro do útero de Maria?
Cristo fez um sacrifício infinito. Deu Sua própria vida por nós. Tomou sobre Sua alma divina o resultado da transgressão da lei de Deus. Pondo de lado Sua coroa real, dignou-Se a descer, passo a passo, até o nível da humanidade decaída. Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 128.
O Messias tomou sobre Sua “alma divina” o resultado da transgressão da lei de Deus, ou seja, a natureza humana em seu estado decaído. Existem vários textos que afirmam que em Cristo combinaram-se a humanidade e a divindade. À luz do texto que lemos acima, podemos compreender que o que é mencionada como “divindade” interior de Cristo quando este estava como homem na Terra trata-se da “alma divina” mencionada no texto acima. O que entendemos por “alma divina”? Entendemos que este é o termo que descreve que a essência de Cristo, ou seja, aquilo que prova que o Filho de Deus, criador e soberano do Universo, era o mesmo bebê que se encontrava no útero de Maria e depois desenvolveu-se como homem até tornar-se um ser humano adulto.
Alguns crêem que, quando O Messias veio à Terra como um ser humano, Sua divindade estava não no Pai como vimos a pouco, mas dentro dEle mesmo, ou seja, enquanto homem, retinha Sua divindade mas não usufruía dela para benefício próprio. Todavia, observando mais precisamente, verificamos que isso não é correto.
Vejamos primeiramente um texto bíblico bastante esclarecedor:
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.” Tiago 1:13
É impossível um Deus ser tentado pelo mal. Assim, se o Messias apresentasse Sua divindade intrínseca porém não manifesta na Terra, não poderia jamais Ser tentado por Satanás(simplesmente não sentiria qualquer força nas tentações), e sequer poderia ser "tentado" a pecar. Somente como um homem e sem reter Sua divindade, poderia Ele ser tentado.
“Se Cristo possuísse um poder especial que o homem não tem o privilégio de possuir, Satanás ter-se-ia aproveitado desse fato. A obra de Cristo era tirar das reivindicações de Satanás o seu domínio sobre o homem, e só podia fazê-lo da maneira como Ele veio - como homem, tentado como homem e prestando a obediência de um homem.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 139.
Caso o Messias houvesse estado na Terra retendo Sua divindade e apenas não a usando, Satanás teria se aproveitado deste fato e O acusado de não poder ser o Salvador e substituto da raça humana e que usado Sua própria divindade para resistir as tentações, algo que o ser humano jamais poderia fazer. Desta forma, lançaria dúvidas por todo o Universo de seres criados, uma vez que nenhuma criatura poderia divisar com clareza até que ponto poderia o Filho de Deus ter utilizado Sua divindade intrínseca no conflito com as forças do mal. Somente subsistindo no mundo perfeitamente como um homem, sem reter a divindade, poderia Ele ser considerado o substituto perfeito do homem, o segundo Adão.
“Satanás, o anjo caído, declarara que nenhum homem podia guardar a lei de Deus depois da desobediência de Adão. Ele alegava que toda a raça humana estava sob o seu domínio.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 136.
“Sempre devemos ser gratos porque Jesus provou para nós, por fatos concretos, que o homem pode guardar os mandamentos de Deus, contradizendo a falsidade de Satanás de que o homem não pode guardá-los. O Grande Mestre veio ao nosso mundo para estar à frente da humanidade, para assim elevar e santificar a humanidade por Sua santa obediência a todos os requisitos de Deus, mostrando que é possível obedecer a todos os mandamentos de Deus. Ele demonstrou que é possível uma obediência que dure toda a vida. Portanto Ele dá ao mundo homens escolhidos e representativos, como o Pai deu o Filho, para exemplificarem em sua vida a vida de Jesus Cristo. ... Quando atribuímos a Sua natureza humana um poder que não é possível que o homem tenha em seus conflitos com Satanás, destruímos a inteireza de Sua humanidade.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 139.
“Satanás, o anjo caído, declarara que nenhum homem podia guardar a lei de Deus depois da desobediência de Adão.” Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 136
O Messias somente poderia ter vindo à Terra com a natureza humana igual à do Adão caído, o que é corroborado, pela luz bíblica.
Em Efésios 6:2, lemos:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes." Efésios 6:11, 12.
Uma análise cuidadosa deste texto nos dará a resposta que precisamos. Nele, o apóstolo Paulo afirma que os fiéis Efésios em sua luta como cristãos, não o faziam contra a carne e o sangue, e sim contra os principados e potestades, referindo-se a Satanás e seus anjos. Em outras palavras, Paulo está afirmando que a luta dos cristãos não era contra os outros seres humanos enganados e iludidos pelo diabo que tinham possibilidade de se arrepender e serem salvos, e sim contra o próprio diabo e seus anjos, estes que não possuem possibilidade de salvação e desejam levar tantos quantos puderem á mesma situação. Assim, o termo "carne", é utilizado para denominar homens com natureza pecaminosa.
O texto de Romanos, capítulo 7 expressa este conceito de forma mais clara:
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado." Romanos 7:14.
A Palavra DO ETERNO, acima, atesta que o homem carnal é vendido à escravidão do pecado. Uma vez que O Messias em sua vinda à Terra, certamente o fez em natureza carnal, aquela mesma que segundo lemos acima é vendida à escravidão do pecado, ou seja, uma natureza pecaminosa.
Podemos compreender qual é a natureza que O Messias adotou quando veio em carne à Terra de outra forma mais simples. Leiamos juntos o seguinte texto de Hebreus:
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida." Hebreus 2: 14, 15.
Assim como os homens participam de carne e sangue, O Messias igualmente o fez. Ora, que natureza tem os que participam da carne e sangue? Já vimos anteriormente que "carne e sangue" se referem à natureza pecaminosa do homem, segundo o texto de Efésios capítulo 6:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne[seres humanos pecadores], e sim contra os principados e potestades..." Efésios 6:11, 12
O texto de I Coríntios 15:50 é ainda mais esclarecedor, pois afirma que a "carne e o sangue", aqueles dos quais O Messias participou, não podem herdar o reino de Deus:
"Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção." I Coríntios 15:50.
O Messias participou da carne e sangue assim como todos os seres humanos. A natureza humana representada pelos termos "carne e sangue", que foi a natureza humana que Ele assumiu, é aquela que não pode herdar o reino DO ALTÍSSIMO. Qual é a natureza humana que não pode herdar este Reino, a natureza de Adão antes de sua queda ou após a sua queda?
O livro de Gênesis esclarece:
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Gênesis 1: 26, 27
"Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.
E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.
Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar" Gênesis 2:7, 8, 15
Então O ALTÍSSIMO criou Adão e Eva, colocou-os no jardim do Éden e o deu a eles para que fosse sua possessão, a fim de que o administrassem. ELE os fez sem pecado. Assim, o Éden era o reino que O ALTÍSSIMO lhes havia dado. Por estarem sem pecado, podiam ve-LO e ouvir diretamente a sua voz, sendo que Ele lhes vinha visitar:
"Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia..." Gênesis 3:8
Ao pecarem perderam sua natureza incontaminada, que não conhecia pecado, e passaram á uma natureza sujeita ao pecado e às tentações de Satanás, incapaz de resistir por sua própria força aos ardis do inimigo. Esta natureza é chamada de natureza decaída. Quando perderam sua primeira natureza e passaram a possuir a natureza decaída, Adão e Eva perderam também o reino que O ALTÍSSIMO lhes havia dado:
"Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.
O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado.
E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida." Gênesis 3:22-24.
Adão e Eva não podiam mais herdar o reino do ETERNO, o Éden que ELE havia criado, pois uma vez que comessem do fruto da árvore da vida estando em seu pecado decaído, sujeitos ao pecado, viveriam eternamente e perpetuariam o pecado, trazendo miséria eterna para o Universo. Adão e Eva, em sua natureza humana decaída, não podiam herdar o reino DO ALTÍSSIMO.
A Bíblia afirma que a "carne e o sangue" não podem herdar o reino DO ALTÍSSIMO:
"Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus," I Coríntios 15:50.
Adão e Eva, após caírem em pecado, ou seja, ao estarem em sua natureza humana decaída, colocaram-se exatamente na condição de "carne e sangue" apresentada pelo texto acima, e não podiam mais herdar o reino DO ALTÍSSIMO, o Éden, que um dia fora seu, assim, como o texto acima declara que a "carne e sangue" não podem herdar o reino DO ALTÍSSIMO.
Observamos a pouco a declaração bíblica de que o Messias participou igualmente da "carne e sangue" quando esteve na Terra:
"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo," Hebreus 2: 14, 15.
Concluímos pois que, se "carne e sangue" exemplifica a natureza de Adão e Eva após a sua queda, e O Messias participou igualmente da "carne e sangue", Veio a Terra com a natureza de Adão após a sua queda.
É por isso que a Bíblia associa o nome de Adão com a entrada do pecado no mundo, conforme lemos no livro de Romanos:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.
Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.” Romanos 5:12-15.
O texto acima nos apresenta Adão como sendo o “introdutor” do pecado no mundo. Assim, considera no comparativo que faz, o Adão transgressor, “caído”, com a natureza que tinha após a sua queda, com O Messias, que veio tomar o lugar do Adão caído, este que era “carne pecaminosa”. O mesmo comparativo, de Cristo em carne pecaminosa com Adão após a sua queda é encontrado no livro de I Coríntios:
“Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” I Coríntios 15: 21, 22.
Um outro verso do livro de Hebreus capítulo 2 esclarece o ponto em questão de tal forma que põe termo ao assunto. Referindo-se ainda ao Messias, a palavra DO ALTÍSSIMO declara:
"Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão.
Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo." Hebreus 2: 14-17.
O Messias, em tudo, se tornou como cada ser humano. O texto anterior foi escrito pelo apóstolo Paulo, que era um homem, como nós, colocando assim que O Messias se tornou semelhante a nós em todas as coisas. Não afirma que Ele foi semelhante ao homem Adão antes de sua queda, num longínquo passado, mas sim que Foi semelhante aos seres humanos contemporâneos de Paulo, que eram todos seres humanos propensos ao pecado, possuidores de natureza humana pecaminosa.
Concluímos assim que a Palavra DO ALTÍSSIMO no texto acima afirma que Cristo se tornou semelhante em todas as coisas aos seres humanos de natureza pecaminosa.Podemos ainda efetuar a confirmação de que Ele veio à Terra em carne pecaminosa através de uma outra comparação bíblica. A Bíblia nos define como pode ser alguém tentado:
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” Tiago 1:14.
Cada um é tentado pela sua própria cobiça. A palavra “cobiça” vista no texto pode ser entendida no sentido de “vontade da carne”. Satanás sugestiona o homem a condescender com esta vontade, esta “cobiça”, quando tenta o ser humano. Caso ele seja bem sucedido, diz-se que o ser humano foi “seduzido por sua cobiça”, conforme nos expressa a Bíblia:
“Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” Tiago 1:15.
A “cobiça”, ou seja, a vontade da carne, uma vez atendida pelo homem, gera as obras da carne, que são pecado:
“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.” Gálatas 5:19-21.
O ser humano só pode ser tentado por sua vontade carnal, descrita por Tiago como sendo “cobiça”, possuindo esta vontade da carne porque ele mesmo é carne:
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.” Romanos 7:14.
O homem só é carne e tem as vontades da carne porque foi gerado por pais que são “carne” e possuem as vontades da carne. Assim, temos que o homem nasce e herda as “vontades da carne” de seus pais. Estas “vontades da carne” são também chamadas de tendências hereditárias para o pecado. Porém, estas tendências para o pecado não são pecado. O ALTÍSSIMO não nos culpa por termos herdado estas tendências para o pecado, porque segundo está escrito em sua palavra os filhos não devem pagar pela iniqüidade dos pais:
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este.” Ezequiel 18:20.
Uma vez que o homem nasce com as “vontades da carne”, ou seja, com a “cobiça”, conforme nos afirma a Bíblia no texto de Tiago que lemos a pouco, porque possui tendências hereditárias para o pecado – as vontades da carne – que herdou de seus pais terrenos, temos que a palavra “cobiça” vista no texto de Tiago representa as próprias tendências herdadas para o pecado. Assim, o dizer bíblico que o homem é tentado por sua cobiça significa o mesmo que dizer que o homem é tentado por suas tendências herdadas para o pecado. Concluímos portanto que, segundo o texto de Tiago, o homem pode ser tentado somente se tiver ao menos tendências herdadas para o pecado, denominadas de cobiça:
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.” Tiago 1:14.
A Bíblia nos declara que O Messias foi tentado assim como nós somos tentados, e por isso pode nos socorrer quando somos assediados pelo inimigo:
“Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” Hebreus 2:18.
Uma vez que a Bíblia nos declara que o homem é tentado pela sua própria cobiça, ou seja, suas tendências herdadas para o pecado, e que o Messias foi tentado como os outros homens, temos que Ele foi tentado pela “sua própria cobiça”, ou seja, pelas tendências para o pecado herdadas de Seus pais. Uma vez que Seu Pai, que era O ALTÍSSIMO, não possuía pecado, Ele herdou as tendências para o pecado de Maria, sua mãe humana. Neste ponto do estudo, precisamos apenas deixar claro que, herdar as tendências para o pecado que tinham os pais, não significa herdar a culpa pelos pecados deles, ou seja, tornar-se pecador pelos pecados que os pais cometeram.
De acordo com a Bíblia, cada um só se torna pecador pelos pecados que ele próprio cometer:
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este.” Ezequiel 18:20.
Assim O Messias não herdou a “culpa” por pecados. Isto porque só é culpado quem transgride a lei DO ALTÍSSIMO e peca. Como Ele não pecou, era inocente de toda a culpa:
Verificamos então que herdar o “mal”, ou seja, herdar as vontades da carne de nossos pais, não significa herdar a “culpa” pelos pecados deles. O Messias, uma vez que veio ao mundo com a natureza da humanidade decaída, herdou o “mal”, as tendências para o pecado de sua mãe, Maria, e de seus antepassados; todavia, não herdou a culpa.
Percebemos claramente que a divindade combinava-se com a humanidade do Messias porque o Espírito do Pai habitava NEle e atuava através do mesmo. Da mesma forma, ao nos colocarmos nas mãos DO ALTÍSSIMO, o Espírito do Pai pode fluir através do Seu Filho, munindo-nos de forças para enfrentar e resistir ao tentador da mesma forma que O Messias o fez:
Como pode O Messias, tornar-se um ser humano em carne pecaminosa, exatamente como nós, para ser um exemplo perfeito de nossa condição? Como já dissemos ao início desta seção do estudo, isto é definido pelo Bíblia como sendo um mistério:
Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória." 1 Timóteo 3:16.
Uma vez que a própria Bíblia afirma ser este um mistério, limitamo-nos a aceitá-lo como tal.
De nossa análise, concluímos o seguinte sobre a natureza do Messias durante Sua encarnação: